29.12.09

A EXPOSIÇÃO

Aracaju, 16 de novembro, 17:00
Após quase dois meses de trabalhos, estudos, quebra-cabeça, discussões, e muita ansiedade, estamos na Semear, finalizando o restinho da abertura.
As fotos na parede, o vídeo passando, aguardando o pessoal do CAPS chegar com a van que conseguimos dos parceiros.
Será que os convidados virão? Será que irão gostar? E a repercussão?










100%.
Cem por cento de trabalho, suor e desejo de mostrar a todos os resultados de vários encontros com figuras humanas que, nas intersecções de vida, fizeram a diferença, uma na outra, e mudaram certos caminhos.
Clilda, Arionaldo, Solange, Angélica, Islaine, José Roberto, Marcel, Taísa, Zak, Marcelinho, Dani, Danilo, Alejandro, Karen, Kátia, Wagner, Jovane.
O Coletivo produziu algo que está documentado para sempre.
E não só em papel, em mídia ou na agenda da Galeria Semear, mas nas vidas, na memória de todos.
E fechamos o primeiro projeto do Trotamundos Coletivo.
Muita coisa por vir por aí.
Aguardemos?
Façamos acontecer.

28.12.09

DIÁRIO DE BORDO- QUEM FAZ A FOTO? PARTE 4













Trabalho










Trabalho










e mais trabalho.











dia 16 está chegando...

27.12.09

DIÁRIO DE BORDO- QUEM FAZ A FOTO? PARTE 3


Dia 26 de setembro. Pensamos em fazer desse fechamento não o da oficina, mas de uma etapa do projeto. Curadoria, ampliações das fotos e a produção da exposição dos resultados das saídas fotográficas. Tudo isso ainda tem que ser organizado, com prazos, fechamento de projeto, contato com apoio e patrocinadores. Mas isso é pra depois!

O resultado das fotos feitas no decorrer da semana foi mostrado a todos. Mais euforia, mais análise das fotografias e mais surpresas. Clima de expectativa das novas etapas. Hoje levamos Aragão, amigo e video maker pra conhecer o projeto e fazer uma parte do video que será editado no nosso video-documentário. Ele foi super-bem recebido, junto com Dayse, namorada e “segunda-câmera” da filmagem dele.

Hoje conversamos muito, discutimos novamente sobre as fotos, a análise crítica coletiva, a curadoria coletiva e a pactuação sobre a possível exposição de parte delas numa Galeria de Arte. Foi tudo muito positivo, o clima não foi de despedida, e sim de expectativa. Nos despedimos nos comprometendo a retornar antes da exposição com as fotos ampliadas em 10 x 15, para entregar a todos os participantes.

Agora entramos oficialmente numa corrida contra o tempo!

Apoios, parcerias, apresentação do projeto, espaço para exposição, produção da exposição, materiais diversos, conceitos, textos, estudos, UFA! Começamos a traçar o cronograma das atividade, com prazos curtíssimos, já que temos que expor antes do fim do ano.

Noites insones começam a tomar conta da gente. Reuniões infindas, incertezas, mas muita dedicação por parte dos membros do coletivo. Todos comprometidos em formatar um modo de mostrar a todos como foi trabalhoso e proveitoso esse encontro de olhares sobre a vida.

Pessoas de tão diversas origens, vivendo numa mesma cidade, numa cidade que inicialmente era invisível aos nossos olhos, se encontram e descobrem o que há de comum: o desejo de viver o belo, o feio, a diversidade, sem preconceitos.

A exposição oficialmente estava marcada para dia 16 de novembro de 2009, na galeria Semear. Quantas fotos serão? Como expô-las? Como montar uma abertura que seja um fechamento à altura do clima das oficinas?

Questões e mais questões!

Muito ainda por responder, mas será que teremos essas respostas?


20.11.09

DIÁRIO DE BORDO- QUEM FAZ A FOTO? PARTE 2

Primeiro dia:22-08-2009 09:00 am

Ninguém compareceu...

Chegamos às 08 e 40, mais ou menos, esperamos o pessoal chegar, e as duas únicas pessoas que compareceram foi Kátia e Arionaldo.

Então pensamos: o que aconteceu? A feira do sábado pela manhã é um complicador? A divulgação foi bem-feita? Revemos então o horário da oficina?
Dito e feito: a oficina foi transferida para o sábado dia 29, à tarde, às 15:00, com um reforço maior da divulgação interna no CAPS e nas regiões vizinhas, mas sem perder o pique: fomos passear pela região e fotografar uma feira lá no bairro Sto. Antônio.

Nos reencontramos na quarta-feira, dia que acabou se tornando oficial dos encontros Trotamundos. Fechamos alguns aspectos relativos à oficina, e ficamos super-empolgados com a chegada das máquinas fotográficas, as “plec plec”, encomendadas por Alejandro.

São máquinas analógicas compactas “made in thailand” coloridas, nas cores azul, amarelo e vermelho. Muito bom!

Super-empolgados, nos reencontramos no sábado 29/08, às 15:00.
Agora pra valer!


Que encontro! Ansiosos, sem saber direito o que íamos encontrar, conhecemos Angélica, Antônio, Antônio Elias, Arionaldo, Maicou, Leandro e Islaine.

Nos apresentamos, mostramos a idéia, e seguimos com a aula. No fim foi uma sensação gostosa, tipo: “Começamos!” Reorganizamos as idéias, pensamos o segundo encontro e, no dia 05/09, reencontramos alguns dos participantes, e conhecemos Clilda, Solange, Giovane e José Roberto.

O ritmo foi outro, parecia que havíamos enfim desencantado, todo mundo participando, pensando e respondendo juntos aos questionamentos durante a aula, que envolveu revisão do assunto e novas noções de fotografia. Foi no mínimo muita alegria e euforia.


Encontros inusitados fizeram da nossa dinâmica algo maior do que o esperado, Clilda foi uma peça importante pra essa mudança de andamento da nossa sinfonia. Inteligente, agitada, faladeira, participativa, absorveu e mobilizou todo mundo na direção de uma apreensão dos conhecimentos que foi além das noções teórico-práticas que pensávamos em propor.
Movimento é uma palavra que poderia sintetizar o que aconteceu nesse segundo encontro.


Dia 12 de setembro, terceiro encontro.

Rever o que discutimos sábado passado, preparar o material e enfim, sair pra fotografar!
Passeamos pelo quarteirão, subimos as ladeiras, conhecemos pessoas, fotografamos, discutimos, nos empolgamos, foi um grande dia!


A sensação de “melhor do que a encomenda” meio que tomou conta de todos, mas ainda não havíamos parado pra conversar sobre que direção tomaríamos e como podemos dar andamento sem corrermos tanto, já que a euforia deixou o coletivo meio sem ação, esquecemos de correr atrás de parceiros e gastamos uma quantia que
não
esperávamos, foi um erro, e precisávamos rever as próximas ações.

Depois de uma longa conversa, repensamos as ações dentro da oficina e ficamos prontos pra próxima.

É engraçado esse
movimento. Por mais que queiramos controlar tudo, no processo muita coisa muda, e se deixarmos correr solto, perdemos tanto a noção do que acontece que o processo acaba andando sem a gente, e isso tem seus pontos interessantes, mas dentro em pouco o processo pode nos descartar, e isso não é interessante pra nós.

Foi um risco que corremos durante as oficinas, mas a chamada interna nos fez voltar ao foco e tomarmos rédea, sem deixarmos de nos preocupar com o coletivo, com
todos os participantes da oficina.

Dia 19 de setembro.

É hora de levar pro pessoal o resultado da primeira saída fotográfica.

No mínimo surpreendente.
Os conhecimentos foram apreendidos de modo geral, as limitações da máquina não foram restritoras das composições, das criações dos fotógrafos iniciantes.

Foi mais um bom encontro, com considerações sobre acertos, erros e possibilidades infindas de como utilizar a fotografia como recurso tanto de registro como de criação artística.

Chegamos perto do fim dessa etapa, a etapa didática, digamos assim, e no próximo sábado finalizaremos os encontros sequenciais dos sábados, novos encontros só pra definir como vamos expor os resultados, sem data definida.



Mas ainda temos o fechamento da oficina.

DIÁRIO DE BORDO- QUEM FAZ A FOTO?

O primeiro encontro foi num sábado, à tarde, 06 de junho de 2009.

Eu (Zak) estava interessado em fazer um passeio pelos lados menos alardeados como "CARTÕES -POSTAIS" de Aracaju, e essa idéia foi alimentada por Marcel, colega de minha esposa, trabalhador da saúde mental do município na época. Batemos um papo e ele sugeriu fazermos alguma intervenção no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Jael Patricio de Lima, na zona norte da cidade.

Eu conhecia algumas pessoas interessadas em fazer algo menos tradicional no âmbito da fotografia e calhou da equipe do CAPS estar interessada em fazer algo diferente, pensando em fazer com que a comunidade circulasse por dentro do CAPS Jael.

Uma idéia levou a outra e lá estávamos: Eu, Taísa, Marcel, Karen, Marcelinho, Daniely, Danilo, Alejandro e Liomar, ansiosos pelo que estaria a vir: um projeto de intervenção fotográfica com os membros da comunidade da zona norte, incluindo aí os usuários de saúde mental. Misturar tudo, os “playboy” da zona classe média, a galera da zona norte e ainda por cima usuários de saúde mental os “loucos”!

Cara, eu estava super ansioso pra todos irem, discutirem e chegarmos a uma idéia e colocarmos em prática logo! Na real o que aconteceu foi o óbvio: um primeiro encontro, onde algumas noções de todas as partes foram apresentadas, discutidas e rolou uma simpatia geral sobre o tema: oficina de fotografia com o objetivo de apresentar a linguagem fotográfica àqueles que usam celular ou câmera, entender o processo, as nuances iniciais da fotografia como linguagem artística ou não, saber como as pessoas vivem, vêem, enxergam o dia-a-dia e como utilizariam a fotografia como recurso de registro na vida. Ufa!

As possibilidades eram muitas, bastava saber o “como fazer” esse encontro.

Alguns dias depois chegamos a traçar uma idéia de como traçar os encontros, com que material e decidimos algo que não estava na ordem do dia: pensarmos a intervenção como um coletivo, não como um grupo de pessoas em separado, mas construirmos outros projetos também.

E foi aí que nasceu o Trotamundos (nome sugerido por Taísa).

Quando a idéia do Trotamundos afetou a galera, todo mundo ficou ouriçado. Novos projetos, possibilidades infinitas, dentro de propostas que envolvessem a arte fotográfica.

E assim mantivemos nossos objetivos de montar a oficina, montamos o projeto e aguardamos ansiosamente pelo início.

Fizemos o cartaz, participamos da caminhada com o pessoal do Caps pelas redondezas, fotografamos um pouco e divulgamos pela vizinhança as datas da oficina.

E então...


12.11.09

MEMÓRIAS

Registro... Lapso de tempo luminoso e iluminado. Farol invasivo que desvenda um ângulo e esconde outro. Intermitente sinalização a romper fronteiras, umas vezes difusas outras explícitas, sempre identificadas com distintos e complexos universos existenciais de sujeitos e coletivos.
Fotografia, perpetuação do furtivo e cotidiano olhar, memórias captadas pela retina desavisada que anuncia, denuncia, revela. Não esquecendo o plano dos desejos, ousamos mencionar o território simbólico enquanto consciência representativa do inconsciente, marca do diferente que aproxima e afasta, excita e transgride. Eterna transversal de significados atribuídos, responsáveis pelas disputas, conflitos e construção de valores.
Para alem de um fato discursivo a diversidade cultural busca não só o olhar crítico, mas a ação inventiva e transformadora capaz de dar conta das dinâmicas culturais de díspares contextos históricos e sociais, encarada como uma construção deliberada e resultante de trocas entre indivíduos e grupos humanos. É nessa revel(ação) cotidiana porem inédita, que focamos as lentes do ser presente nas tantas cidades contidas na cidade, instigando o subjetivo ao realçar nas semelhanças sua imensa singularidade. São olhares dessemelhantes sobre o lugar comum, que de tão comum invisibiliza o mais que visível e nesse registro surpreende com o novo e inesperado ver.
Essa é a história de um Trotamundos Coletivo: memórias de um lapso de tempo luminoso e iluminado, registro do diverso, retrato da ação.

Carmem Lélis
Gerente de Preservação do Patrimônio Cultural Imaterial do Recife
Secretaria de Cultura da Cidade do Recife - Prefeitura